Falando de Lembranças

São armadilhas suaves que nos pegam pelas pernas, e nos enlaçam. Dão cama, casa e comida enquanto a gente acha que reconstrói tudo aos poucos – sem saber que tudo aquilo vai desmoronar num piscar de olhos. Subtraem enquanto a gente acha que soma. E somem num instante. Deixam a gente em pó suspenso no ar. Embaçam os óculos e atrapalham a respiração. Lembranças são a marcha ré disparada sem querer no meio do engarrafamento.

E a gente bate com tudo no que deveria nem encostar.

Embaçam a vista e a vida. E se fazem de dissimuladas: o que era ruim desaparece e o que nem era tão bom assim ganha um peso de sobrecarga. Um sorriso de lado vira a coisa mais bonita que a gente já viu. E as histórias de corações partidos são substituídas por mal-entendidos irreais. As lembranças se misturam e se chocam. Servem de travesseiro pras noites mal dormidas. E acabam recriando cafunés que nunca existiram.

Lembranças são o resto da memória que ainda vive. Se escondem nos ralos e nos cantos escuros do corredor da casa. Se disfarçam de porta-retratos e roupas guardadas. É nelas que a gente revive o que a gente foi – e o que nunca foi também. Elas não são feitas de deixar de ser. Elas são, e nos cutucam na ferida aberta a cada novo momento. Sem alarme de incêndio pra avisar do fogo. São queimaduras de segundo grau que a gente ganha pela exposição prolongada ao passado. E nos transportam para o ponto final do início de tudo. O fim de alguma história se torna ponto de partida – e mal sabemos nós que estamos presos a um ciclo vicioso de repetições. Tanto das lembranças quanto das ações. E os fins entortam os meios.


E a gente parece não lembrar direito o que aconteceu. Só se lembra de que acabou. Ou que nem chegou a existir.

Elas são de uso exclusivo aos que possuem corações fortes. São prescritas de forma a seguir uma bula de nostalgia e sofreguidão. É como colocar um doce na boca de uma criança e tirá-lo depois. Só que as crianças somos nós. E daí nos prescrevem tarjas-pretas.

Lembranças podem nos levar à loucura, de fato. Mas eu espero que a nossa loucura possa ser perdoada. Porque a gente ainda não descobriu como se desfazer do doce vício de relembrar antigos diálogos e fotografias.

10 sinais de que ele não está tão a fim de você


Quando se está envolvido com alguém, principalmente se for algo com raiz emocional, a tendência é que as evidências e situações não fiquem tão claras assim para quem vive o relacionamento. Uma das coisas mais comuns que eu vejo por aí são pessoas vivendo sozinhas em relacionamentos. Elas remontam uma história inteira preenchendo com expectativas e esperanças os buracos que são evidentes (ou nem tanto assim) aos olhos dos outros. E agora? Aqui vai uma lista com sinais de que ele não está tão a fim de você.



1. Ele não liga, não responde as mensagens, não se preocupa em manter contato. Só entra em contato quando quer te ver e na hora em que ele quer. E vem sempre com aquele papo de saudades para te amolecer. É da boca pra fora.

2. Ele não faz a menor questão de te apresentar pros amigos (e família é um sonho distante de conto de fadas então). Sempre que acontece alguma festa de amigos ou do trabalho, ele nem te convida. Diz que é íntimo demais e não quer adiantar as coisas. Ele não quer é ter trabalho de dizer pros amigos que você não vai ficar por muito tempo na vida dele.

3. Caso você tenha a sorte de ser apresentada a algum amigo dele, o tratamento dele é aquele de “essa é minha amiga fulana”. Ele não te categoriza como namorada porque não é o que você é. E você ainda tem esperanças de que isso mude daqui a algum tempo. Boa sorte com isso.

4. Ele sempre fala sobre ele mesmo e todo aquele papo egocêntrico de quem não tem o menor interesse sobre a sua vida e nem espera que você diga algo que o interesse. Ele te usa como ombro amigo nas horas vagas entre o futebol e o churrasco para desabafar e ser ouvido.

5. Ele diz que te ama, que não vive sem você, mas não vê necessidade nessa pressa de oficializar as coisas. Afinal, vocês só estão juntos há alguns 6 ou 7 meses. Ele é desses que tem aversão à pressão da sociedade em ter que estabelecer um relacionamento fixo. Ele diz que não precisa disso só porque ele não quer isso.

6. Ele passa muito tempo longe e você acompanha a rotina de badalações e loiras gostosas com ele nas fotos das redes sociais. Depois ele volta, carente e com cara de cachorro pidão pro seu lado e diz que você é a mulher da vida dele.

7. Ele não se dedica no pseudo-relacionamento e nunca está disponível afetivamente para tratar de assuntos como DRs e afins. Ele diz que não gosta desse papo e que prefere o sexo e fim. Ele não gosta mesmo é de você.

8. Se o cara tiver namorada e te der mole, prometendo largar a namorada por você e porque se encantou: ele não vai largar. Ele só quer uma diversãozinha de vez em quando pra sair da rotina. Quem vai continuar com o status no Facebook de “em relacionamento sério” é a outra guria lá.

9. Ele não sente ciúmes, mas é possessivo com você. Ele não faz por onde, mas exige sua companhia quando bem entende. Ele não te leva a lugares conhecidos e gosta de sair só com você, sem mais ninguém por perto. Não é porque ele é reservado, é porque ele não quer ser visto com você para não ter que largar o crachá de solteiro.

10. Ele fica contigo em festas, boates e afins. Mas nada de manhã ou de tarde em cinemas, parques, museus. Afinal de contas, esse tipo de coisa é programa de namorado. E pra ele vale aquela máxima “beijou de dia é namoro”. Então ele evita ao máximo.

Discorda de algo da lista? Acrescentaria algo? COMENTE!!

Se você tiver alguma sugestão de tema  é só enviar e-mail para may_ftr@hotmail.com .

Como perder sua namorada


Não recuse a voz dela, rapaz. Só é doce porque tem você na ponta da língua. O contorno do batom tem algum nome idiota que você nunca vai saber e as unhas que te arranham as costas com carinho são de alguma cor exótica para além da sua compreensão masculina. Mas não desvie delas. Nem das unhas, nem dos lábios dela. Ela não se apoia em você à toa. Porque você é a queda e a sustentação dela. Um alicerce meio torto que sempre abala as estruturas. Sem segurança nenhuma. Você é a contraindicação específica dela.
Segure as palavras vãs. Elas vão, mas ela fica. Ela vai, mas elas ferem.
E você é a casca da ferida recente. Que nunca cicatriza porque você resolve abrir de vez em sempre. Na frente dela.
E ela deixa. E sabe. E não sabe por que deixa. Mas a culpa é sua.
Você começa como uma tosse de verão que não faz estrago nenhum. E acaba sendo a razão da conta mensal do analista dela. Já não basta ser o problema, você ainda sugere que seja a solução? Seu soro não se produz em si mesmo. É antiofídico. Atenda o celular e diga que não pode falar agora. Mas nunca a recuse assim, de graça. A entrega dela é por sua conta. Delivery sentimental. E nem tem taxa extra ou cobrança demais no fim do dia porque ela se dá de graça. E você, sem graça, prefere levar nas costas o amor da menina. Que é pra afastar a sua solidão e deixá-la desamparada. Muitas doses de você ao dia causam efeito retardado na fórmula dela.
E ela ignora a bula. É hipocondríaca demais e quase dependente de você.
Sofre de overdose.
Mas no caso dela é falta demais pra aguentar sozinha.
Preencha o receituário e aceite as recomendações, moço. Olhe dentro dos olhos dela e confesse que faz por mal. Se a sua intenção for das melhores, você vai escolher perdê-la de vez agora para, quem sabe, sentir a falta dela e descobrir que foi melhor assim. Que alguns estados são terminais. E que o diagnóstico só é dado quando é tarde demais pra gente admitir que não é a pessoa certa pra alguém. Confira as músicas que ela ouve e o sorriso débil de quem não tem mais forças. Mas ela ainda sorri, e é por você. E tenha alguma compaixão por si mesmo para deixá-la ir. Os médicos agradecem.
Desligue as máquinas e corte a respiração ruim dela. Ela vai aprender a lidar com outros ares.
Siga essa receita até o fim e entenda que ela sofria da doença de amor errado.
Perca-a de vez.
Ao contrário do que ela pensa, ela não vai morrer por você. Nem da falta de você!

É, sou dessas..


De foto três por quatro morando na carteira. De choro. De olho no olho. De amor à primeira vista. De gostar de abraços largos. De sorriso tímido. De vontades que explodem e preenchem o caminho de volta para casa. De dançar sozinha à quatro paredes. De baixar a cabeça e fugir para o balcão. De dedos costurados dentro de uma sala de cinema escura. De meias palavras. De tudo escrito. De tudo acabado desta vez. De voltar atrás. De dar mais uma chance. De observar. De olhar de longe. De fingir que não viu. De mentir que não te fuça. De declarações duras. De tapas leves. De acreditar em vou aparecer mais ou te visitarem com mais frequência. De não rasgar fotos. De cair na mesma história. De novo. Do mesmo jeito. De não prevenir nenhum desgosto. De passar a borracha em um número de telefone. De esquecer que passou. De contar que passou. E esquecer também que contou. De ligações no dia seguinte. De ligações perdidas. De propósito. De alôs mais gagos que convites. Ao vivo. De desligar o telefone e deixar o silêncio dialogar. E de atacar as reticências às páginas brancas. De me conhecer só assim, já que sou dessas que gostam de...
 

Pra você que já perdeu um Amor!


          Frio na barriga, nó na garganta, vontade de gritar e espernear, na verdade não importa tudo isso, porque na verdade você nunca soube muito bem que sabor tinha aquele tal adeus. Ele se foi! Adeus tem gosto de pólvora fresca, pronta para explodir quando alguém aperta o gatilho bem na sua direção. Agora você já sabe o sabor de um adeus.
          Deixemos a dor de lado por um tempo. Eu sei que você deve ter desanimado e que seria clichê não admitir que você passou a fechar mais as portas e a girar mais maçanetas. A porta do seu quarto ganhou um aviso diferente. “Perturbe”. Você quer qualquer coisa que faça barulho e adentre o seu espaço sem bater duas vezes. Pra dizer a verdade, todos nós queríamos mesmo é que aquele amor perdido escancarasse todas as nossas portas e janelas e corações e a gente nem ia tentar conter as lágrimas. Nem homens, nem mulheres. Ninguém se salva da esperança lenta que cisma em dizer: o que você ouviu foi um até logo, ele volta!. Logo mais o amor volta. Eu sei que não volta. Se você ainda tiver dúvidas, pare de me ler neste exato momento. Essa carta é pra quem já perdeu algum amor de vez e enxerga isso quando bate uma angústia calma do nada. É pra quem pendura um aviso de que quer alguém pra quebrar o silêncio que fica quando todo mundo resolve se calar de vez. Só me entende mesmo quem já perdeu um amor.
          Você precisa mais de aconchego do que gente dizendo que vai ficar bem. É a falta de estar preso num abraço quente quando todo o resto é morno ou frio demais pra causar alguma reação espontânea que te faça acordar. E precisa de menos compromissos com agendas e calendários porque as datas sempre lembram aquele dia. 
          Eu não sei como você perdeu o seu amor, mas você deve ter perdido o seu amor num desse olá's sorridentes que não esperam desfechos tristes. Ou num telefonema ou e-mail inesperado que terminava com alguma palavrinha besta e um sentimento de aflição enorme.  Mas olha ao seu redor: você não está sozinho e todos os amores perdidos foram perdidos por alguma razão que ficou pra trás. E todos nós fugimos do silêncio, da espera, das lembranças e das novas promessas.       Todo mundo que já perdeu um amor, da forma que for, já enterrou uma parte de si mesmo e se perdeu. A perda é dupla pra quem fica e serena depois de um tempo. Eu acredito que a gente vá dar conta em algum momento. Amores evoluem e se esbarram por aí. Talvez amores perdidos se correspondam, e nós que ficamos sejamos correspondidos. Talvez eles não entendam que se perderam e nos deixaram mais perdidos ainda. Eles não serão mais encontrados. Mas a gente se acha algum dia.

O Idealista Sonhador

O idealista sonhador é muito prudente e por tanto com freqüência parece tímido e reservado para os demais. Compartilha sua rica vida emocional e suas convicções com tão só umas poucas pessoas. Mas um pode se confundir profundamente se o julga como reservado e frio. Tem uma marcada escala interior de valores e uns princípios claros e honrados pelos que está disposto a se sacrificar. Sempre põe muito esmero em tratar de melhorar o mundo. Pode ser muito considerado com os demais e faz muito por ajudá-los e defendê-los. É uma pessoa preocupada, atenta e generosa com o próximo. Se seu entusiasmo por algo ou alguém se vê ameaçado, pode se converter num luchador incansável..


Para o idealista sonhador, as coisas práticas não são demasiado importantes. Tende a viver sob o lema "o gênio controla o caos", o que costuma ser o normal, por isso com freqüência tem uma carreira acadêmica muito exitosa. Não está interessado nos detalhes, prefere olhar as coisas em seu conjunto. Isso significa que ainda que as coisas começam a se agitar, o tem uma boa visão. No entanto, como consequência, pode suceder que às vezes passe por alto algo importante. Como é muito pacífico, tende a não mostrar abertamente sua insatisfação ou desgosto senão ao reprimir. A firmeza não é um de seus pontos fortes; odeia o conflito e a competitividade. Prefere motivar aos demais com sua natureza amistosa e entusiasta. Quem tenha-o de superior nunca terá que se queixar de não receber suficientes elogios.


Como no trabalho, o idealista sonhador é servicial e leal como amigo e como casal, uma pessoa honrada. As obrigações são absolutamente sagradas para ele. Os sentimentos dos demais são importantes para ele e lhe encanta fazer feliz a outra gente. Sente-se satisfeito com um pequeno círculo de amigos; suas necessidades de contacto social não são muito marcadas e ademais precisa bastante tempo para si mesmo. As pequenas conversas supérfluas não são para ele. Se alguém deseja ser seu amigo ou ter uma relação com ele, deve estar disposto a compartilhar sua visão do mundo e estar desejoso de participar em profundas discussões. Se consegue-se, será recompensado com uma relação excepcionalmente intensa e enriquecedora. Devido a suas grandes exigências consigo mesmo e com os demais, este tipo de personalidade tende às vezes a sobrecargar a relação com românticas e utópicas ideias até um ponto no que seu casal se sente ultrapassado ou inferior. O idealista sonhador não se apaixona até as trancas mas se se apaixona o faz com a intenção de que seja eternamente.


Falando de perdas, luto e morte

Quem espera que alguém morra? Acho que a morte não está nos planos da maioria das pessoas. Mas o fato é que ela existe e, mesmo não falando na morte, ela acontece. E, como quase ninguém gosta de falar no assunto, muitas vezes a gente se sente só quando, por algum motivo, perdemos alguém que amamos, sentimos saudade ou mesmo quando tememos a nossa própria morte. 

Ao se contrapor à vida, a morte nos ensina a buscar uma vida melhor, porque ela nos diz que nosso tempo é limitado e, por isso, valioso. Ela oferece uma oportunidade para avaliar nossa existência, para rever e renovar o sentido que lhe damos. Podemos olhar para o que estamos conquistando, além daquilo que nós perdemos; é o momento de (re)descobrir as pessoas que gostamos, as qualidades que admiramos, nossos objetivos e nosso sonhos. 

Não gostamos de sofrer, não gostamos de sentir saudade, não gostamos de perder aquilo que amamos. Mas é algo necessário, pois todos nós enfrentamos perdas e mortes em algum momento de nossas vidas. Podemos nos permitir maior sensibilidade ao nosso sofrimento e ao alheio porque essas coisas acontecem em todos os contextos. E podemos aprender a compartilhar isso, sem excluir e sem negar a dor. É triste sentir a falta, mas alivia sabermos que preservamos em nós muita coisa valiosa adquirida por meio das nossas relações. Podemos e devemos ensinar esse processo às crianças, em casa ou nas escolas, nas comunidades, nas empresas. 

Nunca vamos esquecer a pessoa que amamos e perdemos. Ela pode ser substituída em suas tarefas, mas não em nosso afeto; vamos guardá-la conosco e preservar o carinho. Mas leva tempo. 

Lembramos com saudade e angústia no início e devagar passamos a lembrar com mais carinho do que dor. A dor da perda é o preço pelo prazer de amar, de gostar, de dividir a vida com outras pessoas. O luto é o processo de construção de uma nova etapa de vida, que pode ser positiva se houver um enfrentamento saudável do sofrimento, pois se traduz em crescimento e enriquecimento pessoal. 

A morte nos reúne em torno dela e nos iguala nos sentimentos de perplexidade, dor, tristeza, raiva, confusão. O luto é a resposta natural e esperada após uma perda que exige um processo de reorganização de longo prazo. A morte de uma pessoa pública nos leva ao luto coletivo, às cerimônias públicas de despedida. São rituais que marcam a perda e ajudam a encontrar um sentido para ela permitindo o compartilhamento das emoções, que são socialmente aceitas. E aí o luto coletivo tem outro sentido, de reciclar os lutos pessoais, nem sempre permitidos. Especialistas afirmam que a morte de personalidades conhecidas e admiradas pelo grande público, torna permissível que as pessoas que não extravasaram seus próprios lutos venham a fazê-lo. É o momento de reviver as perdas pessoais, deixar fluir as emoções abafadas. “Tomamos emprestado um pouco desse luto para chorar nossas dores”, diz a coordenadora do LELU (Lab. de Estudos e Intervenção sobre o Luto), da PUC. 

Mesmo sem perceber, o luto privado muitas vezes é reprimido como uma espécie de defesa pessoal ou até por mudanças da sociedade atual que tornaram os rituais de despedida mais curtos e superficiais. “O prejuízo disso é semelhante ao de não poder expressar o sentimento”, diz a psicóloga Maria Júlia Kovács, coordenadora do Laboratório de Estudos sobre a Morte do Inst. De Psicologia da USP. Segundo ela, pesquisas inglesas recentes mostram que quem não demonstra as emoções acaba refletindo-as no corpo, futuramente. Em tese, recuperar um pouco do ritual pode ajudar. Ele tem função terapêutica e resgata a solidariedade, principalmente numa cidade com São Paulo, onde é cada um por si a maior parte do tempo. 

Viver o luto, por mais dolorido que seja, é também um momento de crescimento e lapidação humana. Vários estudiosos nos mostram que é muito comum ficarmos chocados quando perdemos alguém, que a tendência é não acreditarmos no que está acontecendo, não conseguindo aceitar o fato de que o outro está morto. Até mesmo, na fase seguinte ao choque, se você tinha uma forte ligação com a pessoa que morreu ou uma convivência muito grande, é comum pensar muito nela, vê-la nos lugares que ela costumava estar, ouvir sua voz, pensar em falar com ela, coisas assim. O hábito e o carinho fazem a gente levar mais tempo para acostumar-se com a perda. Às vezes, você até procura a pessoa falecida, como se ela ainda estivesse viva. E como a saudade é grande, todos esses sentimentos vão se misturando, se embolando, e leva um bom tempo para se acertarem dentro do seu coração, até que um dia você percebe que está mais conformado. Não é que você esquece de quem gostou muito, mas consegue lembrar-se dele com carinho, já entende melhor sua morte, já se sente mais conformado e sua vida parece mais normal. A saudade é um sentimento que sempre existirá: você pode “morrer” de saudade, mas logo estará “vivo” novamente. 

Tudo isso acontece porque uma grande mudança começa quando perdemos alguém importante para nós. Muitas perguntas surgem: Por que não aproveitamos mais a vida? Por que não falamos ou fizemos algo para o fulano antes de ele morrer? O que faremos agora sem aquela pessoa? Vamos conseguir continuar sem ela? Será que ela está em algum lugar? Por que morreu? São muitas as questões e às vezes achamos que devemos, nesse momento, tomar decisões importantes, assumir responsabilidades. Calma, devagar. É melhor começar com pequenas decisões. 
E tem mais uma coisa importante: o medo. Enfrentar a morte ou a perda de alguém querido torna-nos frágeis, impotentes e isso dá medo. Aí o que fazemos? Tentamos escondê-lo bem, para não mostrar nossa fragilidade ou para tentarmos evitar sentir mais medo. É uma forma de assumir o controle da situação, buscando sentirmo-nos forte outra vez. Mas, quanto mais a gente tenta controlar esses medos, mais eles aparecem: medo da violência, medo de escuro, medo do fracasso, medo de doenças, etc. Por isso, vale a pena refletir um pouco sobre quais medos nos acompanham no momento. Pode ser medo da própria morte ou medo do desconhecido ou medo de perder outra pessoa, entre outros. Quem ainda não se perguntou de onde veio e para onde vai? Saber de onde viemos, o que acontece quando morremos, qual o sentido da vida, é o que chamamos de “questões existenciais”. Uma questão existencial é uma questão de vida, algo que está presente em todo ser, pelo menos em algum momento da vida. Falar sobre a morte e o que acontece depois dela desperta uma grande curiosidade, mas também provoca desconforto. É difícil, dá um medo. O temor da morte decorre, portanto, da noção insuficiente da vida futura. 

A medida que o homem compreende melhor a vida futura, o temor da morte diminui. Uma vez esclarecida a sua missão terrena, ele aguarda o fim com calma, resignado e serenamente. A certeza de reencontrar seus familiares e amigos depois da morte, de reatar relações que tivera na Terra, dá-lhe coragem para suportar a partida de um ente querido. A Doutrina Espírita transforma completamente a perspectiva do futuro. A vida futura deixa de ser uma hipótese para ser realidade. Eis aí porque os espíritas encaram a morte tranqüilamente e se revestem de coragem e serenidade nos seus últimos momentos na Terra. 

Um breve comentário: Sou Rosa Maria Carleto Tosello, 55 anos, espírita, comecei desde jovem um trabalho como voluntária no CVV Samaritanos, atendendo pessoas que queriam se suicidar e descobri que, no meio de tantas perdas que já experimentavam, a morte estava presente. Hoje, sou voluntária na AACC – Associação de Apoio à Criança com Câncer que auxilia crianças e adolescentes que lutam para viver. Nesse processo de morte, vida, perdas e luto, eu fui tomando mais contato com a dor do outro e me esforçando para melhor entendê-lo. 

Assim, há 8 meses eu também vivenciei a minha grande perda (meu marido). Acometido por um câncer no cérebro, sua luta foi grande, mas sempre com resignação e aceitação até o final. Devo confessar a vocês que não foi fácil quando eu recebi o diagnóstico e pensei: “Agora eu não sou mais só voluntária, serei também cuidadora e perdedora”, bendita Doutrina que nos faz pensar na vida além da vida e nos fornece ensinamentos comprovados da imortalidade da alma. 

Mas como nada é por acaso, nesta mesma época eu fazia um curso na associação sobre “Como acompanhar a separação e o desapego do outro”. Aprendi a não viver o luto antecipado. Mesmo sabendo que o desencarne dele não demoraria muito, elaboramos melhor nosso tempo. Foi um exercício de enfrentamento e preparação para a morte, vivenciado por nós dois. 

Não tivemos medo do sofrimento, porque muitas vezes nós expulsamos a morte da nossa intimidade, o que me permitiu proporcionar ao meu marido toda a ternura e solidariedade nos momentos finais. Eu não podia negar a dor dele, apenas compartilhava. 

Aprendi a lidar com as tristezas profundas. Quando enfrentamos o sofrimento, a capacidade de tolerância e resistência aumenta as nossas perspectivas sobre a vida. Sem medo de enfrentar a dor e as perdas, tivemos um grande conforto espiritual: resgatamos a humanização e a dignidade perante a morte. Pela reconciliação com ela, tivemos a oportunidade de pedir perdão um ao outro, de fazer nossas despedidas, de repassar nossas experiências e vivências de 23 anos vividos juntos nesta vida. 

E para finalizar, eu gostaria de partilhar com vocês uma nova experiência que vivo hoje, numa Casa Espírita. O Centro Espírita Obreiros do Senhor de Rudge Ramos – SBC, iniciou neste ano, uma atividade muito interessante: trata-se de um Grupo de Suporte ao Luto chamado Diálogo Fraterno cujo objetivo é orientar e amparar as pessoas que perderam seus entes queridos e que chegam à Casa Espírita em busca de esclarecimento e socorro espiritual. 

Através de palestras evangélicas, o Diálogo Fraterno procura consolar, despertar e conscientizar os participantes. Após a palestra, o grupo se reúne e cada participante tem a oportunidade de desabafar e ouvir o desabafo do outro, relembrar as perdas, recuperar as lembranças da vida e morte do ente querido e expressar seus sentimentos, reorganizando-os internamente. 

Portanto, agradeço a Deus, ao Romeu (meu marido) e a toda as pessoas cujo sofrimento pelas perdas que tiveram, deram-lhe a experiência e os conhecimentos que me possibilitaram criar novos caminhos para aqueles que ainda se vêem sufocados por um luto, cuja razão não compreendem e por isso não são capazes de crescer por meio desse sofrimento.

Coisas do sz


          Fico imaginando na complexidade do ser humano, o quanto nossos sentimentos divergem, horas estamos felizes, horas super angustiados.. Não! Isso não é bipolaridade.. Simplesmente faz parte da vida do ser humano, devido aos diversos estímulos eliciadores e influenciadores no decorrer do dia ou da noite.

          É hoje eu dormir bem, com aquele sorriso bobo no rosto e com o coração palpitante de tão apaixonado e iludido (no bom sentido). Mas posso dizer que ao acordar não tive o mesmo sentimento, pois ao invés de alegria, tive profunda angústia.

                E essa angústia no meu peito apavora meu respirar,
Sinto que o que eu queria, não são as minas de diamante ou os garimpos de ouro,
Queria, quero! Algo simples, algo que não se compra: Um abraço singelo e caloroso, cheio de sinceridade e amor... É isso, só isso o que quero.

Pode alguém me oferecer este pequeno gesto que tem imenso valor?
Falar com a minha mãe, não foi o suficiente pra consolar meu coração!


          Mas sinto que quando falo com ele, sinto um carinho, um amor, na qual é inexplicável, quase que indescritível. Sim! Ele é repleto de defeitos como ele mesmo diz, mas de alguma forma, não consigo visualizar esses defeitos como defeitos e sim como qualidades! Qualidades essas que as vezes machuca, porém, eu amo!

          O que quero é ele ao meu lado, sentir o calor do corpo dele ao meu.. Amo a presença dele..


Teixeira, Fee!

O Existencialismo na visão de Sartre

               O existencialismo de Jean-Paul Sartre considera que a existência precede a essência, ou seja, o homem primeiramente existe no mundo para depois formar sua concepção de crença e valores. O existencialismo prega que o homem é o que projeta para si, desse modo traz a responsabilidade desse ato, também influenciado por sua vontade.



               A decisão gera a angustia, mas a angustia não deve impedir de agir, distante do quietismo dessa forma se assume a responsabilidade, decisão e compromisso com o sentimento de superação e dedicação, passando por sofrimentos físicos e psíquicos diante de sua escolha. A escolha de uma identidade que não lhe pertence, passa pela angustia e até mesmo o desespero de construir essa identidade.

PENHA, João da. O que é existencialismo. Coleção primeiros passos; 61. São Paulo: Brasiliense, 1982.

GESTALT-TERAPIA E EXISTENCIALISMO


O existencialismo surgiu após a segunda guerra mundial, em uma sociedade em crise financeira, política, social. Foi além das discussões acadêmicas e publicações, e para muito foi mais que apenas uma teoria, mas um estilo de vida. A mídia caracterizou o movimento como uma grande desordem, os existencialistas ficaram com uma imagem: de descuido, cabelos bagunçados, mal asseados, amoral, inimigos da hipocrisia.
O existencialismo, consequentemente, é a doutrina filosófica que centra sua reflexão sobre a existência humana considerada em seu aspecto particular, individual e concreto (Penha, 1982, pág. 11), nem uma doutrina antes tinha esse objetivo de estudar a existência humana, e no existencialismo o ser individual do autor interfere nas suas criações, por isso fala-se em vários tipos de existencialismo, que cada autor tem sua criação e seu modo de vida ira se reproduzir em sua doutrina.
Sartre  afirma que, o homem quando nasce não é nada, pois não existem ideias inatas, anteriores ao surgimento do homem e destinadas a orientar sua vida, indicando o caminho a seguir, contudo, primeiro há a existência e depois a essência (Penha, 1982, pág 62). Com isso, o homem se diferencia dos objetos existentes no mundo, na medida em que ele é feito de escolhas, ou seja, ele é livre pra triar seu próprio destino.
Partindo do pressuposto acima apresentado, é através da liberdade que o homem escolhe o que há de ser, escolhe sua essência e busca realizado, essa mesma opção de escolha que constitui sua essência e sua formação de valores. Sartre ressalta que não há como fugir a essa escolha, pois mesmo quando a recusa de escolher já é uma escolha. Diante disto, a gestalt-terapia define o homem como um ser livre e responsável pelos seus atos e escolhas, na medida que escolhe, esse mesmo individuo deve arcar com as consequencias das mesmas.
Para Ribeiro (1985), o homem é visto como um ser concreto com vontade e liberdade pessoais, consciente, responsável, particularizado, singularizado no seu modo de ser e agir, concebendo-se como único no universo e individualizando-se a partir do encontro verdadeiro com sua subjetividade e sua singularidade. E essa liberdade de escolha remete ao homem um sentimento de angústia, pois ele escolhe sem experiências prévias e, ao mesmo tempo, é limitado (Ribeiro, 1985, pág. 39). No entanto, o existencialismo espera que o homem que o homem não viva se debatendo contra a verdade, mas que possa encará-la diretamente, mesmo que seja dificil.
Na Gestalt-terapia também se dá a importância para existência do ser humano, “a existência que aqui esta implicada é o homem, que se torna o centro de atenção, encarado como ser concreto nas suas circunstâncias, nos seu viver, nas suas aspirações totais” (Ribeiro, 1985 pág. 32), ela está voltada para existência do ser humano como um todo, não universal e sim de maneira individual. Dai a Gestalt-terapia trata da singularidade da do ser humano, reconhecendo que somente o homem tem consciência de sua singularidade.
A Gestalt-terapia procura ver o homem em particular, no seu modo individual sua subjetividade, o existencialismo traz a intencionalidade que o individuo possui, a sua intenção deve ser compreendida a partir de si próprio, na qual apresenta vontade e liberdade, o ser humano sempre se indaga sobre o que deve ou não fazer, se quer fazer e não pode, sempre buscando um sentido para a intencionalidade.
Nesse contexto na psicoterapia o encontro entre cliente e psicoterapêutico deve ser um encontro existencial, onde o cliente é o centro e somente ele tem a consciência de si, procurando sempre compreender fortalecer, reavaliar, singularizar, de forma que vá de contra a dicotomia do ser humano, se trata de cada ser humano possuir sua singularidade e deve ser tratada de maneira individual.
No existencialismo o homem precisa se conhecer, para poder compreender o outro, não sendo egoísta, conhecer-se na sua relação com o mundo e consigo mesmo, na Gestalt-terapia procura afastar a resistência que se tem, e se realizar de forma plena, o que seria de fora do comum que existe no individuo, e buscar o ser real, com a relação de cada ser se de forma consciente individualizada eu sou eu você é você.
A gestalt terapia fundamenta-se em uma visão específica da existência, ela mostra que o homem pode sim ter sua liberdade de escolha, porem é responsável por elas. De forma que o homem tome contato com a consciência de sua consciência ele é confrontado.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA

PENHA, João da. O que é existencialismo. Coleção primeiros passos; 61. São Paulo: Brasiliense, 1982.
RIBEIRO, Jorge Ponciano. Gestalt-Terapia: Refazendo um Caminho. São Paulo: Sammus, 1985.

Por: Mayara Feitosa e Maria Cambraia

Diálogos Clínicos Através do Cinema


DIÁLOGOS CLÍNICOS NO SEAMA, foi organizado pelo Centro Clínico Seama de Psicologia e ocorreu nos dias 8 e 9 de Novembro de 18:30hs às 20:30hs com a exibição e diálogo a respeito de oito curta metragens produzidos pela galerinha do 10º semestre da Faculdade Seama. Se fizeram presentes no evento acadêmicos e profissionais de psicologia.


SINOPSES:
O CICLO SEM FIM (curta apresentado no CONAPSI 1 – I Congresso Amapaense de Psicologia, II Ciclo de Palestras do Centro Clínico Seama de Psicologia e no Dia Mundial da Saúde Mental: “Depressão, uma crise Global”) – evolução; Baseado no clássico livro O Macaco Nu, de Desmont Morris, o curta-documentário relata, resumidamente, através de fotos e vídeos, a história de nossa espécie, focando na ótica da agressividade, de como evoluímos até nos tornarmos seres onde a agressividade que era usada para sobrevivência passou a ser usada para destruição. “A agressividade visa a dominação e não a destruição”, disse Morris.

QUANDO O SILÊNCIO FALA (curta apresentado no CONAPSI 1 – I Congresso Amapaense de Psicologia) – depressão; A depressão é um tema cada vez mais recorrente no mundo de hoje. Considerada por alguns estudiosos como a doença do futuro, o transtorno é muito sério e sua frequência em clínicas de saúde só tem aumentado. Precisamos repensar sobre isso, mas antes vamos entender através da fictícia história de Carlos Bezerra como a depressão pode ser ferrenha e precisa ser levada a sério.

BORN TO BE WILD (curta apresentado na abertura da 2ª exposição científica de Psicologia e trecho na 2ª Mostra nacional de práticas em Psicologia) – vida/obra de Carl Rogers; Repleto de paródias, a história da mente por traz da Abordagem Centrada na Pessoa é mostrada de modo bem humorado e sarcástico, mas sem perder o compromisso com a informação e com a exploração do universo criado por ele. 

A VIDA É UMA NICE (Apresentado na abertura da 1ª mostra de vídeos dos cursos de Saúde da Faculdade Seama, no II Ciclo de Palestras do Centro Clínico Seama de Psicologia e no Findando Junho (evento cultural)) – toc, o transtorno obsessivo-compulsivo e a ansiedade; Vamos entender o que é toc? Esse é o convite. Tantos mitos e superstições rondam esse transtorno mais comum do que se pensa. Comédia escrachada sobre o transtorno e a ansiedade, vamos desbravar as histórias de Lindolfo, Gislane e Creuzilene e conhecer o mundo por trás do TOC e da ansiedade.

PERSONNALITÉ: O CARÁTER HUMANO (Apresentado no II Ciclo de Palestras do Centro Clínico Seama de Psicologia) – Transtornos de personalidade narcisista, histriônica e paranóide; Estudo obrigatório para profissionais de saúde mental, os transtornos de personalidade são sempre temas recorrentes. Drama e suspense acompanham essa história, sem perder o bom e velho toque humorístico.

WAR: RESISTÊNCIA (apresentado na Semana do Calouro 2012.1) – resistência na clínica psicanalítica; Resistência foi uma das características pontuadas por Freud dentro do processo de análise. É parte integral e necessária na psicoterapia. Entender como isso pode se aplicar no analisando e no profissional analista é essencial. Vários temas psicanalíticos são abordados para se falar de resistência: complexo de Édipo, amor transferencial, mecanismos de defesa do ego e etc. Ficção e entrevistas com psicanalistas envolvem o espectador. 

TODO MUNDO NO DIVÃ (Apresentado na 2ª Mostra Nacional de práticas em Psicologia) – medo social da psicoterapia; Muito se fala a respeito da psicoterapia. Muito do que se fala é pura convenção social. Vamos brincar com isso e nos divertir em mais um jogo de paródias, ironizando as crenças que o senso comum guarda sobre a psicoterapia;

ATIVIDADE DIGITAL (Apresentado na 2ª Mostra Nacional de práticas em Psicologia e no Dia Mundial da Saúde Mental: “Depressão, uma crise Global”) – novas tecnologias e subjetividade; O mundo muda, as tecnologias mudam o mundo, Ou é culpa do homem? Onde nos encontramos diante de tudo isso? A atividade digital já domina nossas vidas e nossa subjetividade parece interligada a isso, onde apesar de não termos peças robóticas, sumariamente estamos tão envolvidos com as tecnologias que viver sem elas é quase como extirpar um órgão.

Um dos vídeos apresentados foi o "Atividade digital" disponível no Youtube, confira abaixo:


Mágoas..


Alguém nos desprezou profundamente. Lançou sobre nossa alma o punhal da ironia. Julgou-nos impiedosamente, afirmando que o fracasso era destino fatal em nossa vida. Olhou-nos com desdém e, com leve sorriso sarcástico, deu-nos as costas como se não tivéssemos nenhuma importância. Nesse momento, nosso peito se inflamou pela dor descaso, o coração ardeu envolvido numa estranha aura de desamparo.

A mágoa pode surgir por muitos motivos, entre os quais por:
  • rompimento afetivo;
  • maledicência sobre a vida sexual de alguém;
  • preconceito determinado por idade e trabalho;
  • ingratidão dos filhos;
  • abandono de amizades queridas;
  • traição amorosa;
  • discriminação social;
  • exclusão motivada por raça, cor e credo religioso.
Aliás, ninguém consegue viver sem nunca se magoar com alguém ou com certas ocorrências. Na realidade, a mágoa é uma das muitas emoções humanas. Só não se emocionam os corpos inanimados, visto que as emoções nas criaturas vivas revelam a importância que elas dão a si mesmas, aos outros e aos acontecimentos. Se nada nos importasse, nunca teríamos mágoa, mas isso é impossível - a "importância" que damos a tudo que existe medo o grau de sentimento que possuímos por algo ou alguém.

Aconselhar uma pessoa ofendida a imediatamente esquecer, não se magoando com a ofensa, seria o mesmo que pedir-lhe que agisse como se a agressão nunca tivesse acontecido. Pode ser uma ideia equivocada a de "nunca se magoar e sempre esquecer", pois a não-aceitação de uma emoção real resulta no seu deslocamento para coisas fora do mundo interior - o fato desagradável fica focalizado no exterior, e a verdadeira causa da emoção permanece no escuro. Essa postura comportamental recebe o nome de ocultação dos sentimentos ou repressão.

Conseguiremos trabalhar melhor nossas mágoas não as reprimindo nem as intensificando, e sim desprendendo-nos, desligando-nos, ou melhor, colocando-nos a certa "distância mental/emocional" dos fatos ocorridos e das pessoas que neles se envolveram.

No entanto, isso não significa que devemos nos afastar hostil e friamente, viver alienados e impermeáveis aos problemas ou nos deixar de importar com tudo o que aconteceu, mas que podemos viver mais tranquilos e menos transtornados par analisar e, por conseqüência, concluir que as situações e os acontecimentos que nos cercam são reflexos ou criações materializadas dos nossos pensamentos e convicções.

Acreditamos que, ao fazer o proposto "distanciamento psicológico", teremos sempre mais possibilidades para perceber o processo interno que há por trás de toda mágoa. Não se magoar é impossível, mas perpetuar ou ignorar o fato desagradável pode ser comparado ao comportamento do escorpião que, quando enraivecido, inocula veneno em si mesmo com o próprio ferrão.

Perdoar não significa apenas esquecer as mágoas ou mesmo fechar os olhos para as ofensas alheias. Perdoar é desenvolver um sentimento profundo de compressão e aceitação dos sentimentos humanos, por saber que nós e os outros ainda estamos distantes do agir corretamente.

Referência: Um Modo de Entender: Uma Nova Forma de Viver, de Francisco do Espírito Santo Neto (espírito Hammed) 



Introdução à Gestalt


Psicologia da Gestalt


A psicologia  se consolidou, ao longo do século XIX, como uma vertente filosófica; neste período ela estudava tão somente o comportamento, as emoções e a percepção. Vigorava então o atomismo – buscava-se compreender o todo através do conhecimento das partes, sendo possível perceber uma imagem apenas por meio dos seus elementos. Em oposição a esse processo, nasceu a Gestalt – termo alemão intraduzível, com um sentido aproximado de figura, forma, aparência.


Por volta de 1870, alguns estudiosos alemães começaram a pesquisar a percepção humana, principalmente a visão. Para alcançar este fim, eles se valiam especialmente de obras de arte, ao tentar compreender como se atingia certos efeitos pictóricos. Estas pesquisas deram origem à Psicologia da Gestalt ou Psicologia da Boa Forma. Seus mais famosos praticantes foram Kurt Koffka, Wolfgang Köhler e Max Werteimer, que desenvolveram as Leis da Gestalt, válidas até os nossos dias. Com seu desenvolvimento teórico, a Gestalt ampliou seu leque de atuação e transformou-se em uma sólida linha filosófica.

Esta doutrina traz em si a concepção de que não se pode conhecer o todo através das partes, e sim as partes por meio do conjunto. Este tem suas próprias leis, que coordenam seus elementos. Só assim o cérebro percebe, interpreta e incorpora uma imagem ou uma idéia. Segundo o psicólogo austríaco Christian von Ehrenfels, que em 1890 lançou as sementes das futuras pesquisas sobre a Psicologia da Gestalt, há duas características da forma – as sensíveis, inerentes ao objeto, e a formais, que incluem as nossas impressões sobre a matéria, que se impregna de nossos ideais e de nossas visões de mundo. A união destas sensações gera a percepção. É muito importante nesta teoria a idéia de que o conjunto é mais que a soma dos seus elementos; assim deve-se imaginar que um terceiro fator é gerado nesta síntese.

Leis da Gestalt

Resumindo: Gestalt é a soma das formas que formam um todo (Veja alguns exemplos abaixo). O olho humano tende a agrupar as várias unidades de um campo visual para formar um todo, então a percepção é a organização de vários dados sensoriais em um todo ou um objeto.

Observando-se o comportamento espontâneo do cérebro durante o processo de percepção, chegou-se á elaboração de leis que regem esta faculdade de conhecer os objetos. Estas normas podem ser resumidas como:

Semelhança, similaridade
- Semelhança: Objetos semelhantes tendem a permanecer juntos, seja nas cores, nas texturas ou nas impressões de massa destes elementos. Esta característica pode ser usada como fator de harmonia ou de desarmonia visual.

Agrupamos elementos parecidos, instintivamente. Perceba que, por mais que você tente evitar, o rosto se destaca do fundo. Vemos o rosto (que tem um tom mais claro e formas arredondadas) separando-o do fundo.

- Pregnância: Este é o postulado da simplicidade natural da percepção, para melhor assimilação da imagem. É praticamente a lei mais importante.

- Experiência Fechada: Esta lei está relacionada ao atomismo, pensamento anterior ao Gestalt. Se conhecermos anteriormente determinada forma, com certeza a compreenderemos melhor, por meio de associações do aqui e agora com uma vivência anterior.

- Proximidade: Partes mais próximas umas das outras, em um certo local, inclinam-se a ser vistas como um grupo. Aqui vemos isso acontecer no rosto e no fundo:
Proximidade

Clausura: A boa forma encerra-se sobre si mesma, compondo uma figura que tem limites bem marcados.
Clausura / Fechament
Tendemos a “completar” a figura, ligando as áreas similares para fechar espaços próximos. É fácil ver as bochechas, a língua (escrita “soul”), etc. É o mesmo princípio que nos permite compreender formas feitas de linhas pontilhadas.

- Boa Continuidade: Alinhamento harmônico das formas. Compreendemos qualquer padrão como contínuo, mesmo que ele se interrompa. É o que nos faz ver a “pele” de James Brown como algo contínuo, mesmo com todos os “buracos” das letras.

Continuidade
- Simetria: Imagens simétricas são vistas como parte de um mesmo grupo, pouco importa sua distância. É o que forma o fundo – e o separa do rosto.

Simetria
- Figura-fundo: Do todo uma parte emerge e vira figura, ficando o restante indiferenciado ou num fundo.
Figura-fundo / Figura Cenário ou Segregação
 - Destino Comum: Elementos em uma mesma direção são vistos como se estivessem em movimento e formam uma unidade.

Destino Comum
 - Unidade: Um único elemento que se encerra em si ou como parte de um todo, ou ainda, um conjunto de elementos que configuram um todo.

Unidade

- Segregação: É a capacidade de separar, identificar, evidenciar ou destacar unidades formais em um todo dependendo da desigualdade dos estímulos produzidos.

Segregação
 - Unificação: Vem da igualdade ou semelhança dos estímulos produzidos. Se verifica através da harmoniaequilíbrio, ordenação visual e coerência da linguagem ou estilo.

Unificação
A Terapia Gestalt

A Gestalt Terapia surgiu pelas mãos do médico alemão Fritz Perls (1893-1970), que tinha grande interesse pela neurologia e posteriormente pela psiquiatria. Por este caminho tornou-se um psicanalista. Ao elaborar novas idéias psicanalíticas, chegou a ser expulso da Sociedade de Psicanálise. Depois de um encontro com Freud, rompeu definitivamente com este campo de pesquisas. Em 1946, Fritz imigrou para a América, instalando-se definitivamente em Nova York, onde conheceu seu grande colaborador, Paul Goodman. Juntos introduziram o conceito de Gestalt Terapia, recebendo depois o apoio e o auxílio da esposa de Fritz, Lore, e de outros autores. Foram inspirados por várias correntes, como o Existencialismo, a Psicologia da Gestalt, a Fenomenologia, a Teoria Organísmica de Goldstein, a Teoria de Campo de Lewin, o Holismo de Smuts, o Psicodrama de Moreno, Reich, Buber e, enfim, a filosofia oriental.
A Gestaltpedagogia

No campo da pedagogia, a Gestalt também encontrou terreno fértil. O russo Hilarion Petzold, radicado na Alemanha, foi o primeiro a apresentar esta possibilidade na área educacional. Em 1977, ele cria a Gestaltpedagogia, uma transferência dos princípios terapêuticos da filosofia da Gestalt para o contexto da educação, com o objetivo de resolver os principais problemas pedagógicos da atualidade.

Mais de 50 anos depois da criação da Gestalt Terapia, estes princípios filosóficos conquistaram seu lugar no panorama psicoterapêutico, bem como na educação e na área de Recursos Humanos das empresas.

Sentir-se Abandonado!

       Sentir-se abandonada não remete necessariamente ou somente a falta da presença de alguém ou o abandono propriamente dito, contudo, vai muito mais além. Tentarei repassar minha ideia de forma suscita, de modo que você venha a entender o que penso sobre o assunto.
        Sentir, ser e ter são verbos totalmente diferentes, pois, posso me sentir abandonada, ser abandonada ou está abandonada..  Dos três, o que pra mim é mais difícil e complexo de se falar é de se SENTIR, sentir remete a ter uma sensação psicológica e além disso, e/ou uma sensação física. A sensação psicológica é aquela sensação de falta de proteção e cuidado, sentir que algo se foi e não volta mais e até mesmo se sentir desamparado.
        Mas o que quero elucidar aqui é talvez o pior tipo de sensação de abandono é aquele realizado por pessoas que estão ao seu lado, que convivem com você, na qual a presença está manifesta constantemente.
        De acordo com minha própria experiência de vida posso afirmar que não existe coisa pior, é como se sua presença naquele lugar não fosse interessante e nem atraente, como se  não tivesse utilidade. E em muitas vezes já me vieram inúmeras indagações. Mas o que eu estou fazendo aqui? E porque estou Aqui?
        Calma! Penso, reflito e penso de novo.. A vida é feita de perdas, já dizia Freud, que existe pulsões tanto de vida, quanto de morte! Sempre me senti mal quando alguém saia da minha vida ou quando pessoas cortavam relações comigo, eu não aceitava e não aceito esse abandono. ESTOU APRENDENDO A ACEITAR! Enfim.. é a vida!

        Queria escrever mais, mas... está tarde! Vou deixar a letra de uma música como forma de reflexão..

Atos Gratuitos de Amor!



Praticar atos gratuitos de amor - que tal? Disse ao meu marido que o amo. Não custou nada. Pus um bilhete na lancheira do meu filho dizendo como ele é especial. Não custou nada. Abri a porta da loja para uma senhora em cadeira de rodas. Não custou nada.

Deixei uma lata de biscoitos para o carteiro. Não custou nada. Dei minha vez na fila no supermercado. Não custou nada. Telefonei para meu irmão dizendo que estava com saudades. Ele também estava! Pedi desculpas a um amigo com quem tinha sido agressiva. Custou um pouco, mas deu muita alegria.

Levei flores e chocolates para uma tia velha. Não custou nada. Dei passagem para um carro no cruzamento e sorri para o motorista. Não custou nada e ele sorriu de volta. Comprei um presentinho para minha filha. Era uma coisa de nada, mas ela ficou feliz. Agradeci ao rapaz que embalou minhas compras. Ele ficou satisfeito.

Dei um dia de folga ao meu assistente, mas lhe paguei. Custou só um pouquinho, mas nós dois ficamos contentes. Convidei uma amiga para um passeio e um cinema. Nós nos divertimos.

Fiz uma massagem relaxante. Me senti maravilhosa. Atos gratuitos de amor - como me fizeram bem!


CANFIELD, Jack; HANSEN, Mark Victor. Histórias para Aquecer o Coração. Rio de Janeiro: Sextante, 2011. (Pág. 5)

 
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