Falando de perdas, luto e morte

Quem espera que alguém morra? Acho que a morte não está nos planos da maioria das pessoas. Mas o fato é que ela existe e, mesmo não falando na morte, ela acontece. E, como quase ninguém gosta de falar no assunto, muitas vezes a gente se sente só quando, por algum motivo, perdemos alguém que amamos, sentimos saudade ou mesmo quando tememos a nossa própria morte. 

Ao se contrapor à vida, a morte nos ensina a buscar uma vida melhor, porque ela nos diz que nosso tempo é limitado e, por isso, valioso. Ela oferece uma oportunidade para avaliar nossa existência, para rever e renovar o sentido que lhe damos. Podemos olhar para o que estamos conquistando, além daquilo que nós perdemos; é o momento de (re)descobrir as pessoas que gostamos, as qualidades que admiramos, nossos objetivos e nosso sonhos. 

Não gostamos de sofrer, não gostamos de sentir saudade, não gostamos de perder aquilo que amamos. Mas é algo necessário, pois todos nós enfrentamos perdas e mortes em algum momento de nossas vidas. Podemos nos permitir maior sensibilidade ao nosso sofrimento e ao alheio porque essas coisas acontecem em todos os contextos. E podemos aprender a compartilhar isso, sem excluir e sem negar a dor. É triste sentir a falta, mas alivia sabermos que preservamos em nós muita coisa valiosa adquirida por meio das nossas relações. Podemos e devemos ensinar esse processo às crianças, em casa ou nas escolas, nas comunidades, nas empresas. 

Nunca vamos esquecer a pessoa que amamos e perdemos. Ela pode ser substituída em suas tarefas, mas não em nosso afeto; vamos guardá-la conosco e preservar o carinho. Mas leva tempo. 

Lembramos com saudade e angústia no início e devagar passamos a lembrar com mais carinho do que dor. A dor da perda é o preço pelo prazer de amar, de gostar, de dividir a vida com outras pessoas. O luto é o processo de construção de uma nova etapa de vida, que pode ser positiva se houver um enfrentamento saudável do sofrimento, pois se traduz em crescimento e enriquecimento pessoal. 

A morte nos reúne em torno dela e nos iguala nos sentimentos de perplexidade, dor, tristeza, raiva, confusão. O luto é a resposta natural e esperada após uma perda que exige um processo de reorganização de longo prazo. A morte de uma pessoa pública nos leva ao luto coletivo, às cerimônias públicas de despedida. São rituais que marcam a perda e ajudam a encontrar um sentido para ela permitindo o compartilhamento das emoções, que são socialmente aceitas. E aí o luto coletivo tem outro sentido, de reciclar os lutos pessoais, nem sempre permitidos. Especialistas afirmam que a morte de personalidades conhecidas e admiradas pelo grande público, torna permissível que as pessoas que não extravasaram seus próprios lutos venham a fazê-lo. É o momento de reviver as perdas pessoais, deixar fluir as emoções abafadas. “Tomamos emprestado um pouco desse luto para chorar nossas dores”, diz a coordenadora do LELU (Lab. de Estudos e Intervenção sobre o Luto), da PUC. 

Mesmo sem perceber, o luto privado muitas vezes é reprimido como uma espécie de defesa pessoal ou até por mudanças da sociedade atual que tornaram os rituais de despedida mais curtos e superficiais. “O prejuízo disso é semelhante ao de não poder expressar o sentimento”, diz a psicóloga Maria Júlia Kovács, coordenadora do Laboratório de Estudos sobre a Morte do Inst. De Psicologia da USP. Segundo ela, pesquisas inglesas recentes mostram que quem não demonstra as emoções acaba refletindo-as no corpo, futuramente. Em tese, recuperar um pouco do ritual pode ajudar. Ele tem função terapêutica e resgata a solidariedade, principalmente numa cidade com São Paulo, onde é cada um por si a maior parte do tempo. 

Viver o luto, por mais dolorido que seja, é também um momento de crescimento e lapidação humana. Vários estudiosos nos mostram que é muito comum ficarmos chocados quando perdemos alguém, que a tendência é não acreditarmos no que está acontecendo, não conseguindo aceitar o fato de que o outro está morto. Até mesmo, na fase seguinte ao choque, se você tinha uma forte ligação com a pessoa que morreu ou uma convivência muito grande, é comum pensar muito nela, vê-la nos lugares que ela costumava estar, ouvir sua voz, pensar em falar com ela, coisas assim. O hábito e o carinho fazem a gente levar mais tempo para acostumar-se com a perda. Às vezes, você até procura a pessoa falecida, como se ela ainda estivesse viva. E como a saudade é grande, todos esses sentimentos vão se misturando, se embolando, e leva um bom tempo para se acertarem dentro do seu coração, até que um dia você percebe que está mais conformado. Não é que você esquece de quem gostou muito, mas consegue lembrar-se dele com carinho, já entende melhor sua morte, já se sente mais conformado e sua vida parece mais normal. A saudade é um sentimento que sempre existirá: você pode “morrer” de saudade, mas logo estará “vivo” novamente. 

Tudo isso acontece porque uma grande mudança começa quando perdemos alguém importante para nós. Muitas perguntas surgem: Por que não aproveitamos mais a vida? Por que não falamos ou fizemos algo para o fulano antes de ele morrer? O que faremos agora sem aquela pessoa? Vamos conseguir continuar sem ela? Será que ela está em algum lugar? Por que morreu? São muitas as questões e às vezes achamos que devemos, nesse momento, tomar decisões importantes, assumir responsabilidades. Calma, devagar. É melhor começar com pequenas decisões. 
E tem mais uma coisa importante: o medo. Enfrentar a morte ou a perda de alguém querido torna-nos frágeis, impotentes e isso dá medo. Aí o que fazemos? Tentamos escondê-lo bem, para não mostrar nossa fragilidade ou para tentarmos evitar sentir mais medo. É uma forma de assumir o controle da situação, buscando sentirmo-nos forte outra vez. Mas, quanto mais a gente tenta controlar esses medos, mais eles aparecem: medo da violência, medo de escuro, medo do fracasso, medo de doenças, etc. Por isso, vale a pena refletir um pouco sobre quais medos nos acompanham no momento. Pode ser medo da própria morte ou medo do desconhecido ou medo de perder outra pessoa, entre outros. Quem ainda não se perguntou de onde veio e para onde vai? Saber de onde viemos, o que acontece quando morremos, qual o sentido da vida, é o que chamamos de “questões existenciais”. Uma questão existencial é uma questão de vida, algo que está presente em todo ser, pelo menos em algum momento da vida. Falar sobre a morte e o que acontece depois dela desperta uma grande curiosidade, mas também provoca desconforto. É difícil, dá um medo. O temor da morte decorre, portanto, da noção insuficiente da vida futura. 

A medida que o homem compreende melhor a vida futura, o temor da morte diminui. Uma vez esclarecida a sua missão terrena, ele aguarda o fim com calma, resignado e serenamente. A certeza de reencontrar seus familiares e amigos depois da morte, de reatar relações que tivera na Terra, dá-lhe coragem para suportar a partida de um ente querido. A Doutrina Espírita transforma completamente a perspectiva do futuro. A vida futura deixa de ser uma hipótese para ser realidade. Eis aí porque os espíritas encaram a morte tranqüilamente e se revestem de coragem e serenidade nos seus últimos momentos na Terra. 

Um breve comentário: Sou Rosa Maria Carleto Tosello, 55 anos, espírita, comecei desde jovem um trabalho como voluntária no CVV Samaritanos, atendendo pessoas que queriam se suicidar e descobri que, no meio de tantas perdas que já experimentavam, a morte estava presente. Hoje, sou voluntária na AACC – Associação de Apoio à Criança com Câncer que auxilia crianças e adolescentes que lutam para viver. Nesse processo de morte, vida, perdas e luto, eu fui tomando mais contato com a dor do outro e me esforçando para melhor entendê-lo. 

Assim, há 8 meses eu também vivenciei a minha grande perda (meu marido). Acometido por um câncer no cérebro, sua luta foi grande, mas sempre com resignação e aceitação até o final. Devo confessar a vocês que não foi fácil quando eu recebi o diagnóstico e pensei: “Agora eu não sou mais só voluntária, serei também cuidadora e perdedora”, bendita Doutrina que nos faz pensar na vida além da vida e nos fornece ensinamentos comprovados da imortalidade da alma. 

Mas como nada é por acaso, nesta mesma época eu fazia um curso na associação sobre “Como acompanhar a separação e o desapego do outro”. Aprendi a não viver o luto antecipado. Mesmo sabendo que o desencarne dele não demoraria muito, elaboramos melhor nosso tempo. Foi um exercício de enfrentamento e preparação para a morte, vivenciado por nós dois. 

Não tivemos medo do sofrimento, porque muitas vezes nós expulsamos a morte da nossa intimidade, o que me permitiu proporcionar ao meu marido toda a ternura e solidariedade nos momentos finais. Eu não podia negar a dor dele, apenas compartilhava. 

Aprendi a lidar com as tristezas profundas. Quando enfrentamos o sofrimento, a capacidade de tolerância e resistência aumenta as nossas perspectivas sobre a vida. Sem medo de enfrentar a dor e as perdas, tivemos um grande conforto espiritual: resgatamos a humanização e a dignidade perante a morte. Pela reconciliação com ela, tivemos a oportunidade de pedir perdão um ao outro, de fazer nossas despedidas, de repassar nossas experiências e vivências de 23 anos vividos juntos nesta vida. 

E para finalizar, eu gostaria de partilhar com vocês uma nova experiência que vivo hoje, numa Casa Espírita. O Centro Espírita Obreiros do Senhor de Rudge Ramos – SBC, iniciou neste ano, uma atividade muito interessante: trata-se de um Grupo de Suporte ao Luto chamado Diálogo Fraterno cujo objetivo é orientar e amparar as pessoas que perderam seus entes queridos e que chegam à Casa Espírita em busca de esclarecimento e socorro espiritual. 

Através de palestras evangélicas, o Diálogo Fraterno procura consolar, despertar e conscientizar os participantes. Após a palestra, o grupo se reúne e cada participante tem a oportunidade de desabafar e ouvir o desabafo do outro, relembrar as perdas, recuperar as lembranças da vida e morte do ente querido e expressar seus sentimentos, reorganizando-os internamente. 

Portanto, agradeço a Deus, ao Romeu (meu marido) e a toda as pessoas cujo sofrimento pelas perdas que tiveram, deram-lhe a experiência e os conhecimentos que me possibilitaram criar novos caminhos para aqueles que ainda se vêem sufocados por um luto, cuja razão não compreendem e por isso não são capazes de crescer por meio desse sofrimento.

Coisas do sz


          Fico imaginando na complexidade do ser humano, o quanto nossos sentimentos divergem, horas estamos felizes, horas super angustiados.. Não! Isso não é bipolaridade.. Simplesmente faz parte da vida do ser humano, devido aos diversos estímulos eliciadores e influenciadores no decorrer do dia ou da noite.

          É hoje eu dormir bem, com aquele sorriso bobo no rosto e com o coração palpitante de tão apaixonado e iludido (no bom sentido). Mas posso dizer que ao acordar não tive o mesmo sentimento, pois ao invés de alegria, tive profunda angústia.

                E essa angústia no meu peito apavora meu respirar,
Sinto que o que eu queria, não são as minas de diamante ou os garimpos de ouro,
Queria, quero! Algo simples, algo que não se compra: Um abraço singelo e caloroso, cheio de sinceridade e amor... É isso, só isso o que quero.

Pode alguém me oferecer este pequeno gesto que tem imenso valor?
Falar com a minha mãe, não foi o suficiente pra consolar meu coração!


          Mas sinto que quando falo com ele, sinto um carinho, um amor, na qual é inexplicável, quase que indescritível. Sim! Ele é repleto de defeitos como ele mesmo diz, mas de alguma forma, não consigo visualizar esses defeitos como defeitos e sim como qualidades! Qualidades essas que as vezes machuca, porém, eu amo!

          O que quero é ele ao meu lado, sentir o calor do corpo dele ao meu.. Amo a presença dele..


Teixeira, Fee!

O Existencialismo na visão de Sartre

               O existencialismo de Jean-Paul Sartre considera que a existência precede a essência, ou seja, o homem primeiramente existe no mundo para depois formar sua concepção de crença e valores. O existencialismo prega que o homem é o que projeta para si, desse modo traz a responsabilidade desse ato, também influenciado por sua vontade.



               A decisão gera a angustia, mas a angustia não deve impedir de agir, distante do quietismo dessa forma se assume a responsabilidade, decisão e compromisso com o sentimento de superação e dedicação, passando por sofrimentos físicos e psíquicos diante de sua escolha. A escolha de uma identidade que não lhe pertence, passa pela angustia e até mesmo o desespero de construir essa identidade.

PENHA, João da. O que é existencialismo. Coleção primeiros passos; 61. São Paulo: Brasiliense, 1982.

GESTALT-TERAPIA E EXISTENCIALISMO


O existencialismo surgiu após a segunda guerra mundial, em uma sociedade em crise financeira, política, social. Foi além das discussões acadêmicas e publicações, e para muito foi mais que apenas uma teoria, mas um estilo de vida. A mídia caracterizou o movimento como uma grande desordem, os existencialistas ficaram com uma imagem: de descuido, cabelos bagunçados, mal asseados, amoral, inimigos da hipocrisia.
O existencialismo, consequentemente, é a doutrina filosófica que centra sua reflexão sobre a existência humana considerada em seu aspecto particular, individual e concreto (Penha, 1982, pág. 11), nem uma doutrina antes tinha esse objetivo de estudar a existência humana, e no existencialismo o ser individual do autor interfere nas suas criações, por isso fala-se em vários tipos de existencialismo, que cada autor tem sua criação e seu modo de vida ira se reproduzir em sua doutrina.
Sartre  afirma que, o homem quando nasce não é nada, pois não existem ideias inatas, anteriores ao surgimento do homem e destinadas a orientar sua vida, indicando o caminho a seguir, contudo, primeiro há a existência e depois a essência (Penha, 1982, pág 62). Com isso, o homem se diferencia dos objetos existentes no mundo, na medida em que ele é feito de escolhas, ou seja, ele é livre pra triar seu próprio destino.
Partindo do pressuposto acima apresentado, é através da liberdade que o homem escolhe o que há de ser, escolhe sua essência e busca realizado, essa mesma opção de escolha que constitui sua essência e sua formação de valores. Sartre ressalta que não há como fugir a essa escolha, pois mesmo quando a recusa de escolher já é uma escolha. Diante disto, a gestalt-terapia define o homem como um ser livre e responsável pelos seus atos e escolhas, na medida que escolhe, esse mesmo individuo deve arcar com as consequencias das mesmas.
Para Ribeiro (1985), o homem é visto como um ser concreto com vontade e liberdade pessoais, consciente, responsável, particularizado, singularizado no seu modo de ser e agir, concebendo-se como único no universo e individualizando-se a partir do encontro verdadeiro com sua subjetividade e sua singularidade. E essa liberdade de escolha remete ao homem um sentimento de angústia, pois ele escolhe sem experiências prévias e, ao mesmo tempo, é limitado (Ribeiro, 1985, pág. 39). No entanto, o existencialismo espera que o homem que o homem não viva se debatendo contra a verdade, mas que possa encará-la diretamente, mesmo que seja dificil.
Na Gestalt-terapia também se dá a importância para existência do ser humano, “a existência que aqui esta implicada é o homem, que se torna o centro de atenção, encarado como ser concreto nas suas circunstâncias, nos seu viver, nas suas aspirações totais” (Ribeiro, 1985 pág. 32), ela está voltada para existência do ser humano como um todo, não universal e sim de maneira individual. Dai a Gestalt-terapia trata da singularidade da do ser humano, reconhecendo que somente o homem tem consciência de sua singularidade.
A Gestalt-terapia procura ver o homem em particular, no seu modo individual sua subjetividade, o existencialismo traz a intencionalidade que o individuo possui, a sua intenção deve ser compreendida a partir de si próprio, na qual apresenta vontade e liberdade, o ser humano sempre se indaga sobre o que deve ou não fazer, se quer fazer e não pode, sempre buscando um sentido para a intencionalidade.
Nesse contexto na psicoterapia o encontro entre cliente e psicoterapêutico deve ser um encontro existencial, onde o cliente é o centro e somente ele tem a consciência de si, procurando sempre compreender fortalecer, reavaliar, singularizar, de forma que vá de contra a dicotomia do ser humano, se trata de cada ser humano possuir sua singularidade e deve ser tratada de maneira individual.
No existencialismo o homem precisa se conhecer, para poder compreender o outro, não sendo egoísta, conhecer-se na sua relação com o mundo e consigo mesmo, na Gestalt-terapia procura afastar a resistência que se tem, e se realizar de forma plena, o que seria de fora do comum que existe no individuo, e buscar o ser real, com a relação de cada ser se de forma consciente individualizada eu sou eu você é você.
A gestalt terapia fundamenta-se em uma visão específica da existência, ela mostra que o homem pode sim ter sua liberdade de escolha, porem é responsável por elas. De forma que o homem tome contato com a consciência de sua consciência ele é confrontado.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA

PENHA, João da. O que é existencialismo. Coleção primeiros passos; 61. São Paulo: Brasiliense, 1982.
RIBEIRO, Jorge Ponciano. Gestalt-Terapia: Refazendo um Caminho. São Paulo: Sammus, 1985.

Por: Mayara Feitosa e Maria Cambraia

Diálogos Clínicos Através do Cinema


DIÁLOGOS CLÍNICOS NO SEAMA, foi organizado pelo Centro Clínico Seama de Psicologia e ocorreu nos dias 8 e 9 de Novembro de 18:30hs às 20:30hs com a exibição e diálogo a respeito de oito curta metragens produzidos pela galerinha do 10º semestre da Faculdade Seama. Se fizeram presentes no evento acadêmicos e profissionais de psicologia.


SINOPSES:
O CICLO SEM FIM (curta apresentado no CONAPSI 1 – I Congresso Amapaense de Psicologia, II Ciclo de Palestras do Centro Clínico Seama de Psicologia e no Dia Mundial da Saúde Mental: “Depressão, uma crise Global”) – evolução; Baseado no clássico livro O Macaco Nu, de Desmont Morris, o curta-documentário relata, resumidamente, através de fotos e vídeos, a história de nossa espécie, focando na ótica da agressividade, de como evoluímos até nos tornarmos seres onde a agressividade que era usada para sobrevivência passou a ser usada para destruição. “A agressividade visa a dominação e não a destruição”, disse Morris.

QUANDO O SILÊNCIO FALA (curta apresentado no CONAPSI 1 – I Congresso Amapaense de Psicologia) – depressão; A depressão é um tema cada vez mais recorrente no mundo de hoje. Considerada por alguns estudiosos como a doença do futuro, o transtorno é muito sério e sua frequência em clínicas de saúde só tem aumentado. Precisamos repensar sobre isso, mas antes vamos entender através da fictícia história de Carlos Bezerra como a depressão pode ser ferrenha e precisa ser levada a sério.

BORN TO BE WILD (curta apresentado na abertura da 2ª exposição científica de Psicologia e trecho na 2ª Mostra nacional de práticas em Psicologia) – vida/obra de Carl Rogers; Repleto de paródias, a história da mente por traz da Abordagem Centrada na Pessoa é mostrada de modo bem humorado e sarcástico, mas sem perder o compromisso com a informação e com a exploração do universo criado por ele. 

A VIDA É UMA NICE (Apresentado na abertura da 1ª mostra de vídeos dos cursos de Saúde da Faculdade Seama, no II Ciclo de Palestras do Centro Clínico Seama de Psicologia e no Findando Junho (evento cultural)) – toc, o transtorno obsessivo-compulsivo e a ansiedade; Vamos entender o que é toc? Esse é o convite. Tantos mitos e superstições rondam esse transtorno mais comum do que se pensa. Comédia escrachada sobre o transtorno e a ansiedade, vamos desbravar as histórias de Lindolfo, Gislane e Creuzilene e conhecer o mundo por trás do TOC e da ansiedade.

PERSONNALITÉ: O CARÁTER HUMANO (Apresentado no II Ciclo de Palestras do Centro Clínico Seama de Psicologia) – Transtornos de personalidade narcisista, histriônica e paranóide; Estudo obrigatório para profissionais de saúde mental, os transtornos de personalidade são sempre temas recorrentes. Drama e suspense acompanham essa história, sem perder o bom e velho toque humorístico.

WAR: RESISTÊNCIA (apresentado na Semana do Calouro 2012.1) – resistência na clínica psicanalítica; Resistência foi uma das características pontuadas por Freud dentro do processo de análise. É parte integral e necessária na psicoterapia. Entender como isso pode se aplicar no analisando e no profissional analista é essencial. Vários temas psicanalíticos são abordados para se falar de resistência: complexo de Édipo, amor transferencial, mecanismos de defesa do ego e etc. Ficção e entrevistas com psicanalistas envolvem o espectador. 

TODO MUNDO NO DIVÃ (Apresentado na 2ª Mostra Nacional de práticas em Psicologia) – medo social da psicoterapia; Muito se fala a respeito da psicoterapia. Muito do que se fala é pura convenção social. Vamos brincar com isso e nos divertir em mais um jogo de paródias, ironizando as crenças que o senso comum guarda sobre a psicoterapia;

ATIVIDADE DIGITAL (Apresentado na 2ª Mostra Nacional de práticas em Psicologia e no Dia Mundial da Saúde Mental: “Depressão, uma crise Global”) – novas tecnologias e subjetividade; O mundo muda, as tecnologias mudam o mundo, Ou é culpa do homem? Onde nos encontramos diante de tudo isso? A atividade digital já domina nossas vidas e nossa subjetividade parece interligada a isso, onde apesar de não termos peças robóticas, sumariamente estamos tão envolvidos com as tecnologias que viver sem elas é quase como extirpar um órgão.

Um dos vídeos apresentados foi o "Atividade digital" disponível no Youtube, confira abaixo:


Mágoas..


Alguém nos desprezou profundamente. Lançou sobre nossa alma o punhal da ironia. Julgou-nos impiedosamente, afirmando que o fracasso era destino fatal em nossa vida. Olhou-nos com desdém e, com leve sorriso sarcástico, deu-nos as costas como se não tivéssemos nenhuma importância. Nesse momento, nosso peito se inflamou pela dor descaso, o coração ardeu envolvido numa estranha aura de desamparo.

A mágoa pode surgir por muitos motivos, entre os quais por:
  • rompimento afetivo;
  • maledicência sobre a vida sexual de alguém;
  • preconceito determinado por idade e trabalho;
  • ingratidão dos filhos;
  • abandono de amizades queridas;
  • traição amorosa;
  • discriminação social;
  • exclusão motivada por raça, cor e credo religioso.
Aliás, ninguém consegue viver sem nunca se magoar com alguém ou com certas ocorrências. Na realidade, a mágoa é uma das muitas emoções humanas. Só não se emocionam os corpos inanimados, visto que as emoções nas criaturas vivas revelam a importância que elas dão a si mesmas, aos outros e aos acontecimentos. Se nada nos importasse, nunca teríamos mágoa, mas isso é impossível - a "importância" que damos a tudo que existe medo o grau de sentimento que possuímos por algo ou alguém.

Aconselhar uma pessoa ofendida a imediatamente esquecer, não se magoando com a ofensa, seria o mesmo que pedir-lhe que agisse como se a agressão nunca tivesse acontecido. Pode ser uma ideia equivocada a de "nunca se magoar e sempre esquecer", pois a não-aceitação de uma emoção real resulta no seu deslocamento para coisas fora do mundo interior - o fato desagradável fica focalizado no exterior, e a verdadeira causa da emoção permanece no escuro. Essa postura comportamental recebe o nome de ocultação dos sentimentos ou repressão.

Conseguiremos trabalhar melhor nossas mágoas não as reprimindo nem as intensificando, e sim desprendendo-nos, desligando-nos, ou melhor, colocando-nos a certa "distância mental/emocional" dos fatos ocorridos e das pessoas que neles se envolveram.

No entanto, isso não significa que devemos nos afastar hostil e friamente, viver alienados e impermeáveis aos problemas ou nos deixar de importar com tudo o que aconteceu, mas que podemos viver mais tranquilos e menos transtornados par analisar e, por conseqüência, concluir que as situações e os acontecimentos que nos cercam são reflexos ou criações materializadas dos nossos pensamentos e convicções.

Acreditamos que, ao fazer o proposto "distanciamento psicológico", teremos sempre mais possibilidades para perceber o processo interno que há por trás de toda mágoa. Não se magoar é impossível, mas perpetuar ou ignorar o fato desagradável pode ser comparado ao comportamento do escorpião que, quando enraivecido, inocula veneno em si mesmo com o próprio ferrão.

Perdoar não significa apenas esquecer as mágoas ou mesmo fechar os olhos para as ofensas alheias. Perdoar é desenvolver um sentimento profundo de compressão e aceitação dos sentimentos humanos, por saber que nós e os outros ainda estamos distantes do agir corretamente.

Referência: Um Modo de Entender: Uma Nova Forma de Viver, de Francisco do Espírito Santo Neto (espírito Hammed) 



Introdução à Gestalt


Psicologia da Gestalt


A psicologia  se consolidou, ao longo do século XIX, como uma vertente filosófica; neste período ela estudava tão somente o comportamento, as emoções e a percepção. Vigorava então o atomismo – buscava-se compreender o todo através do conhecimento das partes, sendo possível perceber uma imagem apenas por meio dos seus elementos. Em oposição a esse processo, nasceu a Gestalt – termo alemão intraduzível, com um sentido aproximado de figura, forma, aparência.


Por volta de 1870, alguns estudiosos alemães começaram a pesquisar a percepção humana, principalmente a visão. Para alcançar este fim, eles se valiam especialmente de obras de arte, ao tentar compreender como se atingia certos efeitos pictóricos. Estas pesquisas deram origem à Psicologia da Gestalt ou Psicologia da Boa Forma. Seus mais famosos praticantes foram Kurt Koffka, Wolfgang Köhler e Max Werteimer, que desenvolveram as Leis da Gestalt, válidas até os nossos dias. Com seu desenvolvimento teórico, a Gestalt ampliou seu leque de atuação e transformou-se em uma sólida linha filosófica.

Esta doutrina traz em si a concepção de que não se pode conhecer o todo através das partes, e sim as partes por meio do conjunto. Este tem suas próprias leis, que coordenam seus elementos. Só assim o cérebro percebe, interpreta e incorpora uma imagem ou uma idéia. Segundo o psicólogo austríaco Christian von Ehrenfels, que em 1890 lançou as sementes das futuras pesquisas sobre a Psicologia da Gestalt, há duas características da forma – as sensíveis, inerentes ao objeto, e a formais, que incluem as nossas impressões sobre a matéria, que se impregna de nossos ideais e de nossas visões de mundo. A união destas sensações gera a percepção. É muito importante nesta teoria a idéia de que o conjunto é mais que a soma dos seus elementos; assim deve-se imaginar que um terceiro fator é gerado nesta síntese.

Leis da Gestalt

Resumindo: Gestalt é a soma das formas que formam um todo (Veja alguns exemplos abaixo). O olho humano tende a agrupar as várias unidades de um campo visual para formar um todo, então a percepção é a organização de vários dados sensoriais em um todo ou um objeto.

Observando-se o comportamento espontâneo do cérebro durante o processo de percepção, chegou-se á elaboração de leis que regem esta faculdade de conhecer os objetos. Estas normas podem ser resumidas como:

Semelhança, similaridade
- Semelhança: Objetos semelhantes tendem a permanecer juntos, seja nas cores, nas texturas ou nas impressões de massa destes elementos. Esta característica pode ser usada como fator de harmonia ou de desarmonia visual.

Agrupamos elementos parecidos, instintivamente. Perceba que, por mais que você tente evitar, o rosto se destaca do fundo. Vemos o rosto (que tem um tom mais claro e formas arredondadas) separando-o do fundo.

- Pregnância: Este é o postulado da simplicidade natural da percepção, para melhor assimilação da imagem. É praticamente a lei mais importante.

- Experiência Fechada: Esta lei está relacionada ao atomismo, pensamento anterior ao Gestalt. Se conhecermos anteriormente determinada forma, com certeza a compreenderemos melhor, por meio de associações do aqui e agora com uma vivência anterior.

- Proximidade: Partes mais próximas umas das outras, em um certo local, inclinam-se a ser vistas como um grupo. Aqui vemos isso acontecer no rosto e no fundo:
Proximidade

Clausura: A boa forma encerra-se sobre si mesma, compondo uma figura que tem limites bem marcados.
Clausura / Fechament
Tendemos a “completar” a figura, ligando as áreas similares para fechar espaços próximos. É fácil ver as bochechas, a língua (escrita “soul”), etc. É o mesmo princípio que nos permite compreender formas feitas de linhas pontilhadas.

- Boa Continuidade: Alinhamento harmônico das formas. Compreendemos qualquer padrão como contínuo, mesmo que ele se interrompa. É o que nos faz ver a “pele” de James Brown como algo contínuo, mesmo com todos os “buracos” das letras.

Continuidade
- Simetria: Imagens simétricas são vistas como parte de um mesmo grupo, pouco importa sua distância. É o que forma o fundo – e o separa do rosto.

Simetria
- Figura-fundo: Do todo uma parte emerge e vira figura, ficando o restante indiferenciado ou num fundo.
Figura-fundo / Figura Cenário ou Segregação
 - Destino Comum: Elementos em uma mesma direção são vistos como se estivessem em movimento e formam uma unidade.

Destino Comum
 - Unidade: Um único elemento que se encerra em si ou como parte de um todo, ou ainda, um conjunto de elementos que configuram um todo.

Unidade

- Segregação: É a capacidade de separar, identificar, evidenciar ou destacar unidades formais em um todo dependendo da desigualdade dos estímulos produzidos.

Segregação
 - Unificação: Vem da igualdade ou semelhança dos estímulos produzidos. Se verifica através da harmoniaequilíbrio, ordenação visual e coerência da linguagem ou estilo.

Unificação
A Terapia Gestalt

A Gestalt Terapia surgiu pelas mãos do médico alemão Fritz Perls (1893-1970), que tinha grande interesse pela neurologia e posteriormente pela psiquiatria. Por este caminho tornou-se um psicanalista. Ao elaborar novas idéias psicanalíticas, chegou a ser expulso da Sociedade de Psicanálise. Depois de um encontro com Freud, rompeu definitivamente com este campo de pesquisas. Em 1946, Fritz imigrou para a América, instalando-se definitivamente em Nova York, onde conheceu seu grande colaborador, Paul Goodman. Juntos introduziram o conceito de Gestalt Terapia, recebendo depois o apoio e o auxílio da esposa de Fritz, Lore, e de outros autores. Foram inspirados por várias correntes, como o Existencialismo, a Psicologia da Gestalt, a Fenomenologia, a Teoria Organísmica de Goldstein, a Teoria de Campo de Lewin, o Holismo de Smuts, o Psicodrama de Moreno, Reich, Buber e, enfim, a filosofia oriental.
A Gestaltpedagogia

No campo da pedagogia, a Gestalt também encontrou terreno fértil. O russo Hilarion Petzold, radicado na Alemanha, foi o primeiro a apresentar esta possibilidade na área educacional. Em 1977, ele cria a Gestaltpedagogia, uma transferência dos princípios terapêuticos da filosofia da Gestalt para o contexto da educação, com o objetivo de resolver os principais problemas pedagógicos da atualidade.

Mais de 50 anos depois da criação da Gestalt Terapia, estes princípios filosóficos conquistaram seu lugar no panorama psicoterapêutico, bem como na educação e na área de Recursos Humanos das empresas.

 
PsiCogitando:: Penso, logo escrevo! © 2013 | Designed by Maay Teodoro ~~ Tecnologia Blogger